Hip Hop Angola | Hip Hop Moçambique

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“CRONIBLOGANDO”

ESTAMOS DE VOLTA
Mais um ano passou e é chegada a hora de fazer um balanço entre o hip hop moçambicano e o angolano, dois títulos, de um lado o ano do hip hop e no outro o ano da independência. Este blog dedica-se até agora ao movimento hip hop entre ambos os países, e o propósito de um angolano reportar o hip hop moçambicano, já várias vezes aqui e noutros fóruns foi abordado, embora que nos dias de hoje, já não faz muito sentido. Porquê puxar pelo hip hop moçambicano quando este já respira bem? Satisfaz-nos dizer que o hip hop moçambicano rompeu barreiras e hoje apresenta-se com dignidade. Em Moçambique a Cotonete Records, e a GPro deixam bem claro que no braço de ferro ninguém os derruba, mas há mais batalhadores em colectivo e individual, só não vamos adiantar nomes em respeito ao esforço dos outros manos que também dão seu suor em prol desta causa que une todos nós.
ANGOLA, o hip hop conheceu um momento único na sua historia, o rap alternativo ou underground como muitos preferem chamar ganhou vida, e concorre ao mesmo nível com o chamado rap comercial e se calhar até ganha nos shows, como isso quero dizer que é possível um show de rap underground encher mais do que o comercial, e isso já aconteceu, esta vitoria preferimos chamar INDEPENDÊNCIA.
Mais não foi só alegria o ano de 2009 no rap angolano, um nome com bastante influencia buscou inovar o seu rap mwangolenizando-o com Kuduro, este facto dividiu opiniões e alguns surfaram nesta onda, muitos outros contestaram, até hoje há rappers que tem o orgulho ferido e a dor é tanta que não escondem nem por simpatia.
Dois programas radiofónicos por semana, de aproximadamente duas horas tem sido até hoje o meio de divulgação da música rap, naturalmente os mais atentos podem perceber que é impossível concorrer com outros estilos musicais sabendo que estes têm mais espaço nas rádios, dai que a internet aparece como a nossa bóia de salvação, os blogs tem feito muito por essa cultura e este amor que todos temos pelo hip hop hoje somos uma nação forte.
MOÇAMBIQUE, mc’s alimentaram o slogan “O ANO DO HIP HOP“, em 2009, sim concordo!!!, o rap voltou a sorrir por lá, mais sente-se um fraco movimento, um grande alicerce ruiu “TRACK RECORDS”, problemas internos levou A2 a abandonar o barco, isso para não falar da Trio Fam que deixou os f’ãs sem chão com a noticia, Kloro ao cantar “não é verdade que o hip hop is dead, sobrevive em maputo e claro dorme na track” deixou o pessoal com bastante entusiasmo, mas diante da realidade “sei não” se já estava a sobreviver, agora sem a Track hip hop não tem aonde dormir. Mas pra suavizar a questão vale recordar que Kloro declarou-nos que a saída deles na Track não é oficial.
Mas hip hop em moz não é só Track, afinal foi em 2009 que a Gpro lançou a sua mixtape, foi também em 2009 que a cotonete records fez o show da Iveth, a mCel o hip hop rules e foi uma sequência de show que permitiu afirmar-se 2009 como o ano do hip hop, tudo isso é secundado por André Manhiça que reafirma que o hip hop falou alto em 2009, houve mais vídeos, mais shows e mais música.
Seria um texto invalido se não mencionássemos o renascimento de Duas Caras Aka Kara Boss, mas quanto a isso não há argumentos, todos sentiram o poder e a influencia que a Gpro tem no hip hop moçambicano, só esperamos que não esperemos mais 3 anos para outro passo enfrente.
SANDOKAN, se fosse para qualificar a quantidade de downloads feitos na internet, este seria sem dúvidas o Rei do hip hop angolano, em três dias mais de 3 mil pessoas baixaram a sua música, mais ai teríamos outro problema AFROMEN reuniu aproximadamente 45 mil pessoas como o mesmo propósito, ouvir rap. Para quem não se lembra, não custa nada lembrar que AFROMEN encheu um estádio de futebol realizando o show de apresentação do seu disco, mas felizmente hip hop não tem nem precisa de um Rei, hip hop é cultura e a manifestação cultural é livre, arte também é inovar, por isso acho necessário um debate público sobre as tendências que o rap tem tido, o casamento com o Kuduro e o casamento com o Pandza, será inovação do rap? ou fugir da essência?
Assim foi 2009 e agora esta a começar 2010 vamos esperar grandes motivos para reportagem.

Os Porquês das coisas


Em tempos fui abordado por um amigo e mc da banda que perguntou-me se eu não estaria a exagerar com essa historia de moçambicar o hip hop em Angola e sem resposta convincente na altura e por ser uma questão que também suscita dúvidas a muitos, resolvi em jeito de artigo por em pratos limpos esse assunto que de certa forma já passou a encomodar-me pela forma que sou encarado, até já há mc’s na banda que não me esticam a mão.

Em 2006 o site www.hipflickz.com enviou-me a Moçambique para fazer uma reportagem sobre a cultura hip hop naquelas terras, na altura levava vários discos em mp3 de rap angolano sobretudo aquelas músicas que não passavam na rádio ou aquelas que não eram promovidas o suficiente para chegar ao sucesso, com o objectivo de expandir a nossa cultura além fronteiras de modos a alterar a visão errada que têm em relação a cultura hip hop angolana.

Entrevistei vários grupos em Maputo, que manifestaram o seu descontentamento pelo facto de que a música angolana é bastante consumida em Moçambique e a moçambicana não é em Angola, e que os artistas angolanos são mais bem pagos em Moçambique e não vai nem sequer um artista de Moçambique para Angola.

Pensando baixinho, como angolanos diriamos problemas deles, só que na realidade o problema é bem nosso, porque entrou em curso uma campanha de valorização da música nacional moçambicana, e cada vez mais a angolana vai indo para o espaço, tirando os SSP, Anselmo Ralph, Matias Damasio e Totó o resto simplesmente não existe, e isso só aconteceu porque nós angolanos não estamos preocupados em retribuir quem enriquece a nossa cultura e os nossos bolsos.

Agora quanto a questão inicial a resposta é simples, esta batalha de divulgar o hip hop moçambicano em Angola não é apenas uma actividade minha, mas sim do site www.hipflickz.com ao qual sou membro, inserido num projecto de relações de partilha de cultura.

O engraçado nisso é o facto de que quase todos os mwangolês procura-me para fazer chegar as músicas e videos a Bang Entretenimento, não lembrando-se que a Bang tem vários artistas que gostariam ver as suas músicas divulgadas em Angola e ninguem faz nada para insentivar o “riquinho moçambicano” a voltar a contratar artistas angolanos.